segunda-feira, 2 de setembro de 2013


Artes cênicas e Medicina -
Doutores da Alegria

Luiza Rodrigues
Rebeca Pagliaminuta
Roberta Nascimento

As atividades desenvolvidas pelos doutores da alegria parecem uma tentativa de mudar o contexto (ou dar uma outra conotação) da doença na vida do paciente. A irreverência parece ser uma ferramenta inerente dos profissionais, diante de situações inusitadas.

A interação artes cênica e medicina é, nesse caso, usada de forma a proporcionar o lúdico, através da utilização da paródia do palhaço que brinca de ser médico no hospital.

Os doutores relatam que, num primeiro contato, nem sempre a “gargalhada” ou o “riso” é bem acolhido por profissionais ou pelos pacientes . Isso porque tanto profissionais quanto pacientes não se permitem sorrir em um ambiente hospitalar. De um lado, os profissionais se consideram sérios demais para darem boas gargalhadas; do outro, há pacientes que se rotulam como doentes e se condenam à tristeza, não se permitem um “sorriso”. Os doutores da alegria parecem romper o preconceito de que o indivíduo doente é um indivíduo infeliz e usam o humor como coadjuvante no processo de cura. Além disso, permitem uma transformação do ambiente hospitalar, que deixa de ser um local apenas de sofrimento.

É impressionante perceber a melhora dos pacientes que a interação com os "Doutores da Alegria" permite. A psique do indivíduo tem participação direta em seu processo de cura. E, a partir do momento em que a pessoa começa a atuar, seu inconsciente começa a perceber que existe outra possibilidade de atuação, não só naquele momento, mas na realidade em .

A participação de toda a equipe de saúde nesse processo também é de fundamental importância, mas, infelizmente, isso nem sempre pode ser visto. Muitas vezes esses profissionais tem uma sobrecarga de trabalho que os impede de participar de tais atividades. Outras vezes, por não ver a importância desse trabalho, ignoram essas atividades e, ainda por cima, se sentem incomodados com elas. Não percebem que o objetivo dos "Doutores da Alegria" é o mesmo de qualquer outro profissional que atuam em hospitais: a melhora dos pacientes e a possibilidade definitiva de alta.



Ria, mas ria baixinho!
21/05/2013
Tem pessoas que circulam no hospital que olham pra gente como se fôssemos de outro planeta, tendo as mais estranhas reações, que nos deixam pretéritos mais que perfeitos. Umas parecem que nunca viram médicosbesteirologistas. Dizem que querem consulta, mas aí quando nos oferecemos para atender e elas simplesmente começam a rir! E gente que ri como se tivesse vendo palhaço! Poxa!
Uma dessas pessoas, inclusive, merece ser citada. Bastou aparecermos na emergência do Hospital Barão de Lucena, no Recife, para ela começar a rir e, ao mesmo tempo, fazer cara de dor.
Ai! Não posso rir!, dizia ela, e continuava rindo.
O Dr. Eu se aproximou:
Então não ria, afinal não há motivos pra rir!
Ela continuou, segurando a gargalhada: É que fiz cesariana!
Ah! César e Ana! Onde estão? 
Estranhamos! No berço à frente da suposta mãe só havia um bebê e ela disse que tinha feito dois. Saímos procurando nos berços, mas não encontramos nem o César e nem a Ana. Saímos do quarto desolados!
Teve outro caso em que a risada soou solta. Estávamos nos divertindo, esquecendo que éramos besteirologistas e os pacientes esquecendo a espera de horas no ambulatório. Uma enfermeira saiu de uma sala e disse:
Riam, mas riam baixinho!
A frase entrou pelo miolo mole, cruzou com a razão, falou com o bom senso, fez bolhinhas de pensamentos em forma de balão e fizemos cara de pão dormido, duros, com aquela frase no meio de uma gargalhada geral. O Dr. Lui. deu uma leve batida na porta de onde a enfermeira havia saído:
A gente atrapalhou alguma coisa?
E a médica em atendimento nos disse:
Não.
É que uma enfermeira passou e disse: “Riam, mas riam baixinho”.
A médica riu, achando que era uma piada nossa…
Na hora pareceu que alguma coisa estava fora de ordem, ou melhor, fora do tom, mas depois, pensando melhor, chegamos à conclusão de que só podia ser brincadeira da enfermeira. Ufa!
Dr. Lui (Luciano Pontes)
Dr. Eu Zébio (Fábio Caio)
Hospital Barão de Lucena – Recife
Abril de 2013








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